quinta-feira, 3 de março de 2011

a mulher que chora

quantas vezes já não senti
o romantismo da mulher que chora

lia nas histórias o amor
sempre meu primeiro interesse
de menina sexualizada
de pequena eu já era
(daquelas que os adultos apontam)
e o choro fazia parte
todo um ambiente de amor
para dar ao corpo o que ele quer

o herói espelhava seu amor
naquele choro
a moça se permite a emoção
expressa no corpo o que lhe vai na alma
dor da ausência
impossibilidade do desejo
encontro de almas eternamente adiado

a mulher que chora
cede à condição feminina do espelho
aceita a fraqueza que lhe atribuem
em troca da proteção da inconsequência
em troca da preguiça sempre renovada

a mulher que chora se inferioriza
baixa estima
insegura insensata estúpida
mas gozosa de amor perdido
a mulher mata o amor e
chora.



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